segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SOBRE A ÉTICA NAS MUDANÇAS DE POSTURA



Tenho acompanhado com atenção os movimentos que a classe política - leia-se deputados, prefeitos e ex-prefeitos – tem feito depois da queda de Jackson Lago e a assunção de Roseana Sarney ao governo do Estado. E o que vejo é algo muito parecido com a única vez em que entrei em um brinquedo chamado enterprise, nesses parques que vez por outra aparecem em São Luís: primeiro fiquei tonto, depois embrulhou o estômago.

O escritor francês Joseph Joubert diz que “o medo depende da imaginação, a covardia do caráter”, assim podemos ao menos vislumbrar as motivações para a mudança de lado, instantaneamente, de uma parcela dos políticos maranhenses que não têm nenhuma ideologia ou daqueles que são detentores do que podemos chamar de ideologia flutuante: medo e covardia.

No dia 30 de setembro de 2005, vi no auditório da OAB o então governador José Reinaldo Tavares filiar-se ao PSB e atrair inúmeros secretários de estado, deputados e suplentes, como era à época Afonso Manoel. Nesse dia, embora desconfiado com as juras de amor àquilo que era considerada a oposição ao grupo Sarney, ouvi muitos dizerem cobras e lagartos de Roseana Sarney e toda sua ascendência, descendência e sua parentela, quer seja na horizontal ou vertical. E agora, poucos dias antes da queda do governo Jackson Lago, presenciei, em muitas reuniões dos partidos da base de apoio ao governo, a forma pouco elegante com que muitas lideranças, enfaticamente, se referiam à possibilidade de golpe contra o governador. Eram de uma garra tamanha que muita vezes cheguei a pensar que realmente estávamos revivendo a balaiada original (1838-1841) e que os bem-te-vi(s) haviam encarnado em Afonsos, Limas, Braides e tantos outros. Ledo engano!

O day after dessa história todos conhecem. A base do então governador Jackson Lago na Assembleia Legislativa minguou de 28 para, sinceramente, 8 parlamentares.
Ai entra a tese de Joseph Joubert sobre medo e covardia. Esses parlamentares, na maioria políticos profissionais, têm pavor de enfrentar as urnas sem as benesses do poder. E entra também a questão ética: não importa se quem está no poder é Madre Teresa de Calcutá ou Ivan, o Terrível. Mesmo Adolf Hitler, se alimentar suas “bases” com recursos do tesouro estadual, em forma de obras ou convênios com hospitais, entidades comunitárias ou uma dessas famigeradas Ongs, está valendo. Diferente da famosa frase atribuída a Che Guevara “Si hay gobierno, yo soy contra”, esses líderes políticos de ideologia flutuante dizem exatamente o oposto em bom e velho português “se é governo, tô dento”.

Enquanto isso, o nível de atuação e qualificação dos políticos é muito baixa, porque eles não estão atrelados ao interesse do Estado e da população em geral, e sim na manutenção de seus cargos e mandatos, custe o que custar. Sem bandeira, sem causa, sem ideologia e portanto, sem ética.

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