quinta-feira, 5 de novembro de 2009

UM CLAMOR AO BOM SENSO





Em face dos últimos acontecimentos, faz-se necessário um pedido em forma de súplica aos líderes políticos do estado: segurem seus Pit Bulls em nome do resto de respeitabilidade e convivência pacífica que deve existir entre adversários políticos, pois ao ignorar atos de civilidade e cavalheirismo e partir para a guerra campal e o radicalismo xiita, todos os grupos perdem e sem dúvida alguma, a população é a maior prejudicada.

Como diria o presidente Lula, nunca na historia desse estado, houve tamanha agressão a liberdade de expressão como nesta quinta-feira, dia 04 de novembro. E na história da humanidade poucas vezes se viu tamanha grosseria por parte de jovens que, instigados pelo governo do estado, foram exitosos na tentativa de tumultuar o lançamento de um livro. Tal ato me lembra muito os praticados pela Gestapo, a polícia política de Hitler, que não só tentava inviabilizar os lançamentos de literatura que eram contrarias ao regime, como sumia com os autores. Espero que em seu planejamento estratégico, não seja esse o próximo passo dos adversários do governo cassado.

Hoje, o estopim foi um ovo arremessado, por uma líder (?) juvenil(?). Amanhã espero, sinceramente, que não seja uma pedrada, uma paulada ou um tiro. Em vez disso, façam livros como resposta. Afinal, o outro grupo sempre escreveu o que quis em seus jornais, blogs e revista. Falaram em suas Tv’s e rádio e nunca se ouviu notícia que houve qualquer tipo de represália por tais atos. Ao contrário, a resposta sempre foi dado através do debate político nos fóruns adequados para tal fim. E parafraseando o grande intelectual socialista Roberto Amaral: “Política se faz com idéias e divergências. A convergência resulta do debate”.

Talvez alguns dos próceres da família Sarney se lembre desta canção do artista César Teixeira que embalou muito o sonho de liberdade nos tempos que a taca corria solta por ordem dos militares que eram apoiados pelos Sarney. Talvez por isso ainda reste esse ranço de autoritarismo intrínseco em suas ações e reações. Ela, a canção, se chama ORAÇÃO LATINA e abaixo vai sua letra e o vídeo para que aqueles dos partidos e Movimentos Populares não esqueçam que é preciso resistir sempre, e fisiológicos de plantão, possam entender que não se faz protesto com agressão física. Isso é destinado ao pugilato.


ORAÇÃO LATINA
La la la la laiá la la la la laiá la
Esta nova oração
É uma canção de vida
Pelo sangue da ferida no chão
Que não cicatrizará
Nem tampouco deixará de abrir
A rosa em nosso coração
E diga sim
A quem nos quer abraçar
Mas se for pra enganar
Diga não
Com as bandeiras na rua
Ninguém pode nos calar
Com as bandeiras na rua
Ninguém pode nos calar
E quem nos ajudará
A não ser a própria gente
Pois hoje não se consente esperar
Somente a rosa e o punhal
Somente o punhal e a rosa
Poderão fazer a luz do sol brilhar
E diga sim
A quem nos quer acolher
Mas se for pra nos prender
Diga não
Ninguém vai ser torturado
Com vontade de lutar
Ninguém vai ser torturado
Com vontade de lutar
La la la la laiá la la la la laiá la
La la la la laiá la la la la laiá la
E diga sim
A quem nos quer acolher
Mas se for pra nos prender
Diga não

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CLAUDE LÉVI-STRAUSS - 1908*2009



A morte do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, aos 100 anos, na madrugada de sábado, em Paris, foi anunciada apenas ontem por colegas acadêmicos. Eles não revelaram a causa da morte, mas, no ano passado, Lévi-Strauss, com a saúde debilitada, não compareceu às homenagens públicas dedicadas pela França ao seu centenário de nascimento. O professor Philippe Descola, que o substituiu no cargo de diretor do laboratório de Antropologia do Collège de France, revelou que ele foi sepultado em Lignerolles, cidade a oeste da França, onde o antropólogo mantinha uma casa de campo.

Seu desaparecimento deixa o mundo menos inteligente e mais dependente de um herdeiro capaz de seguir na trilha aberta por esse que foi um dos maiores intelectuais do século pasado. Numa carreira de mais de 60 anos, Lévi-Strauss, filho de uma família judia de Bruxelas, publicou obras fundamentais que se converteram em clássicos da antropologia e da literatura, dos quais basta citar dois para comprovar sua importância: Tristes Trópicos (1955)e O Pensamento Selvagem (1962).

Lévi-Strauss, considerado o pai da antropologia moderna, é com justa razão lembrado como o reformador da disciplina. Introdutor do conceito de estruturalismo, ele buscou padrões subjacentes de pensamento em todas as formas de atividade humana, concluindo que nossa mente organiza o conhecimento em pares binários e opostos que se estruturam de acordo com a lógica - e isso vale tanto para o mito como para a ciência, segundo o antropólogo, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP).

O antropólogo foi professor na USP até 1938. Desembarcou no cais de Santos em 1935, em companhia do historiador Fernand Braudel (1902-1985), para ocupar a cadeira de sociologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Recepcionado pelo jornalista Julio de Mesquita Filho, então diretor de O Estado de S. Paulo e um dos idealizadores da Universidade de São Paulo, Lévi-Strauss desenvolveu com seus alunos um novo método pedagógico, começando por distribuir uma série de árvores genealógicas individualizadas para provocar uma reflexão sobre sua teoria da aliança.

Segundo essa teoria, "o parentesco tem mais a ver com a aliança entre duas famílias por casamento entre seus integrantes do que com a ascendência de um passado comum".

Não existiria, segundo ele, uma diferença significativa entre o pensamento primitivo e civilizado, tese desenvolvida no clássico O Pensamento Selvagem, considerado seu livro mais importante. Em outras palavras, o "pensamento de selvagens" não passa de uma invenção da modernidade. O que existe mesmo é um pensamento selvagem, atributo de toda a humanidade que podemos encontrar em nós mesmos, garante Lévi-Strauss, mas que, ainda segundo o antropólogo, preferimos buscar nas sociedades exóticas.

Fonte: O Estado de S.Paulo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

POLÍTICA: CIÊNCIA, ARTE E VIRTUDE DO BEM COMUM

Esta é a segunda parte da entrevista do Prof. Joffre Neto sobre ética na política. O ponto alto de sua explanação é quando diz que a política é arte porque exige habilidade de buscar os consensos e interpretar os anseios populares. Ela é ciência porque exige competência; exige conhecimento da máquina pública[...]. E virtude do latim Virtus, que quer dizer força, força moral pra resistir o que é errado e escolher o que é certo.
Veja o vídeo e comente.

SOBRE A ÉTICA NAS MUDANÇAS DE POSTURA



Tenho acompanhado com atenção os movimentos que a classe política - leia-se deputados, prefeitos e ex-prefeitos – tem feito depois da queda de Jackson Lago e a assunção de Roseana Sarney ao governo do Estado. E o que vejo é algo muito parecido com a única vez em que entrei em um brinquedo chamado enterprise, nesses parques que vez por outra aparecem em São Luís: primeiro fiquei tonto, depois embrulhou o estômago.

O escritor francês Joseph Joubert diz que “o medo depende da imaginação, a covardia do caráter”, assim podemos ao menos vislumbrar as motivações para a mudança de lado, instantaneamente, de uma parcela dos políticos maranhenses que não têm nenhuma ideologia ou daqueles que são detentores do que podemos chamar de ideologia flutuante: medo e covardia.

No dia 30 de setembro de 2005, vi no auditório da OAB o então governador José Reinaldo Tavares filiar-se ao PSB e atrair inúmeros secretários de estado, deputados e suplentes, como era à época Afonso Manoel. Nesse dia, embora desconfiado com as juras de amor àquilo que era considerada a oposição ao grupo Sarney, ouvi muitos dizerem cobras e lagartos de Roseana Sarney e toda sua ascendência, descendência e sua parentela, quer seja na horizontal ou vertical. E agora, poucos dias antes da queda do governo Jackson Lago, presenciei, em muitas reuniões dos partidos da base de apoio ao governo, a forma pouco elegante com que muitas lideranças, enfaticamente, se referiam à possibilidade de golpe contra o governador. Eram de uma garra tamanha que muita vezes cheguei a pensar que realmente estávamos revivendo a balaiada original (1838-1841) e que os bem-te-vi(s) haviam encarnado em Afonsos, Limas, Braides e tantos outros. Ledo engano!

O day after dessa história todos conhecem. A base do então governador Jackson Lago na Assembleia Legislativa minguou de 28 para, sinceramente, 8 parlamentares.
Ai entra a tese de Joseph Joubert sobre medo e covardia. Esses parlamentares, na maioria políticos profissionais, têm pavor de enfrentar as urnas sem as benesses do poder. E entra também a questão ética: não importa se quem está no poder é Madre Teresa de Calcutá ou Ivan, o Terrível. Mesmo Adolf Hitler, se alimentar suas “bases” com recursos do tesouro estadual, em forma de obras ou convênios com hospitais, entidades comunitárias ou uma dessas famigeradas Ongs, está valendo. Diferente da famosa frase atribuída a Che Guevara “Si hay gobierno, yo soy contra”, esses líderes políticos de ideologia flutuante dizem exatamente o oposto em bom e velho português “se é governo, tô dento”.

Enquanto isso, o nível de atuação e qualificação dos políticos é muito baixa, porque eles não estão atrelados ao interesse do Estado e da população em geral, e sim na manutenção de seus cargos e mandatos, custe o que custar. Sem bandeira, sem causa, sem ideologia e portanto, sem ética.